
Deu nas vistas ao serviço do Leixões, nos finais dos anos 60, quando o Estádio do Mar era um viveiro de grandes jogadores que a história registou como Bebés de Matosinhos. Chico Faria era um avançado dinâmico, rápido, intuitivo, apto a jogar na esquerda, na direita e, como se viu ao logo da carreira, também no eixo do ataque. Não era no extremo no sentido mais estrito do termo, porque preferia ocupar no espaço lateral e surgir no meio, onde foi consolidando boa relação com o golo – em esquemas tácticos de 4x4x2 chegou a desempenhar o papel de um dos avançados da zona central, até porque dispunha de um fabuloso jogo de cabeça. Sendo um miúdo quando foi contratado pelo Sporting, aos 19 anos tinha já um passado nas selecções jovens – cinco vezes internacional júnior. Em Alvalade efectuou 229 jogos oficiais, em 8 épocas, nos quais apontou 61 golos, tendo um parcial de 169 encontros e 41 golos nas partidas a contar para o Campeonato da I Divisão. Nesse período, conquistou o título nacional por duas vezes (1969/70 e 1973/74) e a Taça de Portugal em três ocasiões (1970/71, 1972/73 e 1973/74), com uma particularidade interessante: fez golos nos 3 jogos.
Chico Faria somou quatro presenças na Selecção Nacional, três das quais como jogador do Sporting e uma na qualidade de futebolista do Sp. Braga, clube para o qual se transferiu na época 1976/77. Na estreia com a camisola das quinas, marcou o golo da vitória portuguesa no Chipre (1-0), participando depois numa das grandes jornadas do seu amigo Vítor Damas (faleceram no período de 8 meses), em Wembley quando, convocado por José Maria Pedroto, participou no empate (0-0) com a Inglaterra.
História dos 100 anos do Sporting

"A prova designava-se ainda Taça das Cidades com Feira, antes de se transformar na Taça UEFA, e nessa edição de 1968-69 os caprichos do sorteio ditaram um arranque a sério: o Valência de Espanha. O Sporting, numa fase de transição e de adaptação de alguns jogadores novos, tinha um teste onde não podia falhar.
Na noite de 18 de Setembro de 1968 o Estádio José Alvalade acolheu uma enorme assistência para testemunhar um duelo ibérico, sempre com características especiais sobretudo nesses tempos em que permanecia algum isolacionismo peninsular em relação ao resto da Europa.
O jogo era prometedor mas o primeiro tempo não confirmou as expectativas. O Valência, onde pontificavam os internacionais Sol, Claramunt e Ansola, não dava mostras de se aventurar muito, dando a sensação – e lá teria as suas razões – de que preferia deixar as decisões para a segunda mão no Mestalla.
O Sporting, com João Lourenço em mais uma das suas grandes noites, chegou à vantagem por 1-0 ainda antes do intervalo, mas se o resultado era insuficiente a exibição também não convencera.
Ao intervalo a equipa sportinguista compreendeu que o jogo tinha que mudar de figurino para que a passagem na eliminatória se tornasse mais prometedora.
A verdade é que a transfiguração se deu. O conjunto sportinguista, dotado de bons tecnicistas e formando um misto de jogadores experientes e outros de excelente

qualidade acabados de ingressar, começou a trocar bem a bola sobre a relva, abdicando dos passes longos e por alto e foi quanto bastou para sentir os espanhóis muito próximos da desorientação. As cautelas defensivas e o deixar passar o tempo valencianos deixaram de ser suficientes perante a velocidade e a criatividade sportinguistas, sobretudo a partir do momento em que a defesa passou a apoiar mais o meio campo, Gonçalves derivou da ala para o centro e o endiabrado Chico Faria começou a fazer de “vagabundo” em toda a frente de ataque.
Chico, um dos “bebés de Matosinhos”, acabara de chegar do Leixões e, apenas com 18 anos, electrizou todo o Estádio e deixou o Valência à beira da deriva."
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